Resenha sobre o Grande Hein?contraço de Palhaços por Valnéa Almeida Vilas Boas



Assisti aos espetáculos do Heimcontraço de palhaços no Campo Grande no domingo dia 23 de Outubro de 2011 e fiquei encantada com a beleza dos números, a primeira apresentação foi do Grupo Nariz de Cogumelo, daqui mesmo de Salvador, com o espetáculo “O Salone”.  Eles encenaram em trio os episódios que se passavam em um salão de beleza, com uma faxineira chamada Fura bolo que gostava de cantar e dançar enquanto varria o salão, o Cabelereiro estressado (Penthola) que perdia a paciência com as trapalhadas de Fura bolone (como ele chamava a faxineira) e a cliente que ele também chamava de Clientone.
Inicialmente a dupla Fura-bolo e Penthola fizeram uma apresentação em que pude observar características do Branco e Augusto, porque o cabeleireiro sempre fazia a faxineira de boba, era o autoritário, o que mandava fazer, e ela ia lá e fazia, tudo atrapalhado como tinha de ser, e dessa forma arrancava muito riso da platéia,  depois de um tempo entra a terceira personagem que é a cliente e esta desenvolve uma relação com o público quando chama um dos expectadores para participar do espetáculo ajudando-a a comer as bananas que iam aparecendo de sua roupa e de outros lugares mais, foi bastante engraçado.
A segunda apresentação foi da Companhia Os Paspalhões, também se apresentaram em trio, era um homem, um jovem e um garotinho. Eles faziam algumas palhaçadas típicas uns com os outros, cantavam, faziam cambalhotas e trapalhadas e interagiam com o público o tempo todo, estavam bem caracterizados como palhaços tradicionais, roupas bem coloridas, sapatos grandões, rostos pintados e o nariz vermelho é claro.
 O que chamou mais atenção nessa apresentação particularmente foi a participação de uma criança no espetáculo, ele era muito novinho, tinha no máximo 8 anos de idade e encenava com muito domínio de palco, concentrado no que estava fazendo, percebia-se nele uma responsabilidade de gente grande, ele tinha técnica, era possível  perceber, teve um momento que ele fez o tropeço técnico igual ao que aprendemos na aula, então pude ver que ele era treinado mesmo, e isso foi desconstruindo a minha idéia de que o palhaço nasce com um dom e que na verdade ele pode ser moldado, construído e formado para isso.
O trio se apresentava bem, com bastante entrosamento com o público, mas em alguns momentos eles pecavam nas repetições excessivas e acabavam cansando a platéia um pouco, depois conseguiam retomar e por fim contornar a situação, mas o ponto alto da apresentação foi quando eles trouxeram uma participação especial: O menino que imitava Michel Jackson, foi uma surpresa fantástica porque o público não esperava mais nada além do que já estavam vendo e aí de repente surge algo diferente, foi a maior sensação e causou muito frisson na platéia. Interessante! 
E por fim teve uma apresentação muito especial o Jeca com suas facas, ele fazia malabarismo com um monte de facas enormes, acho que não tem muito a ver com a palhaçaria e sim com o mundo do circo, mas foi um espetáculo a parte, ele era muito preciso nos movimentos, apresentava bastante domínio com os utensílios e tinha muita leveza no corpo, isso transmitia uma segurança para quem estava assistindo.
Apesar de ser um espetáculo de malabarismo também havia algo de engraçado na apresentação, porque ele estava caracterizado de jeca mesmo, com uma calça velha camisa quadriculada, chinelo, as facas penduradas na cintura, e o mais engraçado, uma mandioca no bolso, que depois foi pinicada com suas facas no ar. Então, de certa forma ele passava uma mensagem de comicidade, daquela relação do que ele estava fazendo com o que ele estava representando.
Ficou muito claro em todas as apresentações que apesar de ser um trabalho e que às vezes até mal reconhecido e desvalorizado os artistas sentiam um prazer de estarem ali, mesmo em pleno domingo de tarde, se expondo e se doando para produzir o riso e a alegria daquelas pessoas.  

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