DAR A CARA A TAPA.... POR QUE DAR? POR QUE NÃO DAR? DIZ QUE DEU, DIZ QUE DÁ, DIZ QUE DEUS DARÁ....
A questão foi lançada com uma certa tensão no ar. Afinal dar ou receber um tapa na cara, em nossa cultura, não é algo fácil. Não só pela dor (sofrida ou imaginada), mas pelo que carrega de simbolismo.
Pode ser uma questão de gênero, pois penso que para mulheres é mais difícil receber o tapa em função de anos de machismo. Neste sentido, para os homens (alguns mais sensíveis) talvez seja mais difícil dar o tapa, pelas mesmas razões. Há ainda um grupo que adora receber o tapa (os masocas), e outro que adora dar (os sádicos). Vai entender a humanidade....
O rosto (em Frances visage) é nossa imagem mais visível, podemos camuflar qualquer parte do corpo, mas o rosto.... O rosto também está muito perto da cabeça, ou melhor do cérebro, vai daí que um tapa na cara pode mudar nossa maneira de pensar, ou nos faça literalmente perder a cabeça.... Já pensou eu, euzinha uma mula sem cabeça a vagar pelo mundo, após receber um tapa na cara? O assunto é serio...
Dentro do contexto da palhaçaria, estamos todos a perseguir o que nos coloca em uma situação ridícula, frágil, estúpida, e por isso extremamente sensível e humana. Todo o trabalho está baseado na quebra das estruturas defensivas que usamos em nossa vida cotidiana. É um lutar contra a corrente, um trabalho insano pela própria natureza.
Tá, tudo bem, eu entendo isto. É tão bonita a teoria..... Adoro teorias..... Afinal somos seres de significado, alguém já disse isto em algum lugar. Algum teórico.
Mas dar, literalmente, a cara a tapa não é coisa fácil mesmo. Eu nunca dei. Assim deliberadamente , fácil, oferecendo. O máximo que me aconteceu foi neste sentido foi ter levado uma mangada (isto mesmo, um caroço de manga chupado) que um menino da minha escola me jogou no rosto. Achei um nojo.....
Também nunca antes em minha vida havia pensado na possibilidade de ser uma palhaça, e de sorrir envaidecida quando alguém me chama de palhaça na rua. Estas mudanças foram acontecendo aos poucos, conforme a palhaça em mim ia me seduzindo, me encantando com seu canto de sereia. E ela continua a me seduzir, pouco a pouco, no seu tempo, amansando meu ego, na base do canto.
Um palhaço não nasce pronto, como disse Zé Regino na apostila de Demian. Ufa! Que bom.... Isso também me dá uma esperança. O trabalho é árduo, o caminho infinito, os limites estão ai para serem superados, a seu tempo, um a um. E penso que chegará um momento em que um tapa na cara (dar ou receber) será mais uma brincadeira, mais um jogo no caminho da sedução do público. O negócio é trabalhar, labore , labore, labore...
Texto de Doris Fernandes
Pode ser uma questão de gênero, pois penso que para mulheres é mais difícil receber o tapa em função de anos de machismo. Neste sentido, para os homens (alguns mais sensíveis) talvez seja mais difícil dar o tapa, pelas mesmas razões. Há ainda um grupo que adora receber o tapa (os masocas), e outro que adora dar (os sádicos). Vai entender a humanidade....
O rosto (em Frances visage) é nossa imagem mais visível, podemos camuflar qualquer parte do corpo, mas o rosto.... O rosto também está muito perto da cabeça, ou melhor do cérebro, vai daí que um tapa na cara pode mudar nossa maneira de pensar, ou nos faça literalmente perder a cabeça.... Já pensou eu, euzinha uma mula sem cabeça a vagar pelo mundo, após receber um tapa na cara? O assunto é serio...
Dentro do contexto da palhaçaria, estamos todos a perseguir o que nos coloca em uma situação ridícula, frágil, estúpida, e por isso extremamente sensível e humana. Todo o trabalho está baseado na quebra das estruturas defensivas que usamos em nossa vida cotidiana. É um lutar contra a corrente, um trabalho insano pela própria natureza.
Tá, tudo bem, eu entendo isto. É tão bonita a teoria..... Adoro teorias..... Afinal somos seres de significado, alguém já disse isto em algum lugar. Algum teórico.
Mas dar, literalmente, a cara a tapa não é coisa fácil mesmo. Eu nunca dei. Assim deliberadamente , fácil, oferecendo. O máximo que me aconteceu foi neste sentido foi ter levado uma mangada (isto mesmo, um caroço de manga chupado) que um menino da minha escola me jogou no rosto. Achei um nojo.....
Também nunca antes em minha vida havia pensado na possibilidade de ser uma palhaça, e de sorrir envaidecida quando alguém me chama de palhaça na rua. Estas mudanças foram acontecendo aos poucos, conforme a palhaça em mim ia me seduzindo, me encantando com seu canto de sereia. E ela continua a me seduzir, pouco a pouco, no seu tempo, amansando meu ego, na base do canto.
Um palhaço não nasce pronto, como disse Zé Regino na apostila de Demian. Ufa! Que bom.... Isso também me dá uma esperança. O trabalho é árduo, o caminho infinito, os limites estão ai para serem superados, a seu tempo, um a um. E penso que chegará um momento em que um tapa na cara (dar ou receber) será mais uma brincadeira, mais um jogo no caminho da sedução do público. O negócio é trabalhar, labore , labore, labore...
Texto de Doris Fernandes
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